Santo de Casa
Rodrigo Duarte
Santo de casa
Diz que nunca faz milagre
E que todo mundo sabe
Não é nova a afirmação
Não abro mão
De cantar bem do meu jeito
Pois também tenho o direito
De falar do meu rincão
Que me desculpem
Os paisanos da fronteira
Da Campanha à Cordilheira
Das Missões ao Litoral
Não levem a mal
Meu sotaque é diferente
Traz o timbre da minha gente
Lá da depressão central
Venho da terra
Do varzedo e da aguada
Sesmaria amarelada
No cacho do arrozal
Do manancial
De poema em branco velo
Desde Ramiro Barcellos
O Amaro Juvenal
Todos cantam seus amores
Pondo a mão no coração
Chora a gaita no terreiro
Geme o pinho no galpão
Venho do berço
D’onde veio Honório Lemos
Um taura que conhecemos
Por Leão do Caverá
Que foi pelear
Entreveros desparelhos
Cria do Barro Vermelho
Logo ali do Geribá
Trago meu canto
Pra remissão dos pecados
E esses versos devotados
Que faz tempo fiz sem pressa
Pago promessa
Pois meu sonho abriu as asas
Creio nos Santos da casa
A bênção, Santa Josefa!
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